terça-feira, 23 de agosto de 2011

CONARH ABRH 2011 é encerrado com mensagens instigantes para gestores e RH...

Por Rodolfo Bonventti

Após três dias de uma troca grandiosa de conhecimentos e de experiências realizadas por meio de 47 palestras, painéis e fóruns que contaram com 170 palestrantes e 37 âncoras, os 3,4 mil congressistas que participaram do CONARH ABRH 2011, levaram para casa muitos resultados, soluções, propostas e sugestões de como atuar como RH no dia a dia das suas empresas, mas também muitas questões que devem servir para uma reflexão mais profunda e individual no exercício de cada gestão.

No último dia do congresso, o painel O que levamos para casa?, resumiu o que cada um dos cinco eixos promoveu durante o evento, bem como o CORHALE (Comitê RH de Apoio Legislativo), assim com as conclusões de cada um deles. Coordenados pela vice-presidente da ABRH-Nacional e coordenadora do CONARH ABRH, Elaine Saad, os cinco eixos se dividiram em: Profissionais de RH de Nível Intermediário; Profissionais de RH na Gestão Pública; Jovens Profissionais de RH; VPs e Diretores de RH e Gestores de Pessoas.

O painel antecedeu o talk show Gente que Faz, comandado por Jô Soares, que, acompanhado do Sexteto, lançou mão de seu habitual humor e prendeu a atenção da plateia ao entrevistar Antonia Cleide Alves, presidente da Unas - União de Núcleos Associação e Sociedades dos Moradores de Heliópolis; Malena Martelli vice-presidente de RH para a América Latina da Siemens Enterprise Communications; e o humorista Gigante Leo, que, por incrível que possa parecer, também trabalha no setor público como analista de engenharia de software.



MAIS QUE NEGOCIAÇÃO COM SINDICATOS

Magnus Ribas Apostólico, diretor de Relações do Trabalho da ABRH-Nacional, destacou a discussão sobre a dimensão das relações de trabalho que dominou os três eventos e os dois fóruns que ficaram sob a responsabilidade do CORHALE, do qual faz parte: “Para chegarmos à empresa dos sonhos dos nossos colaboradores precisamos apostar na melhora das relações do trabalho. RH precisa ver a área de Relações Trabalhistas com outros olhos, pois ela é muito mais do que a responsável pelas negociações trabalhistas ou pelas reuniões com os sindicatos e sindicalistas e tem uma função transversal a todas as outras”.

Ele assinalou que a área é importante na motivação e no engajamento dos colaboradores e que uma oportunidade para o RH é investir no desenvolvimento dos valores da companhia e na atuação dos gestores. “É preciso ficar de olho grande no papel desses gestores e também nas oportunidades que podem surgir quando trabalhamos com o mundo legislativo.”

Apostólico também alertou que a principal ameaça para a área de RH está no número excessivo de projetos de lei relacionados diretamente com a área que transitam em Brasília. Sua mensagem final aos congressistas foi de que “a felicidade dá certo, encontre-a e compartilhe-a.”



O QUE QUEREM OS JOVENS RHs

Cláudio Neszlinger, que representou no painel a líder do Eixo Jovens Profissionais, Cláudia Falcão, enumerou as sete horas e meia de palestras que fizeram parte  desse eixo e o recado que os 19 palestrantes e os jovens representados em alguns painéis deixaram.

“Nos nossos primeiros contatos com esses jovens para preparar o roteiro das palestras, já saímos com mais perguntas do que respostas e passamos a olhar as empresas pelos olhos deles a partir de duas pesquisas que realizamos: uma quantitativa, com 1,3 mil respondentes, e outra qualitativa, com um grupo de oito jovens. E eles apontaram algumas questões que precisam de máxima atenção: esses jovens veem a área de RH como responsável por uma pequena contribuição estratégica, composta por profissionais com pouca formação e que trabalha muito, mas também agrega pouco.”

Os jovens de RH também apontaram que a área comunica mal as suas realizações e não tem bons indicadores da sua performance. Nesse item, deixaram um recado muito claro: “os gestores de RH não serão menos humanos se trabalharem com indicadores, com planilhas de Excel, com números.”

Com relação à carreira, a mensagem é que é preciso ter paixão pelo objeto do trabalho de RH, as pessoas, ou, então, o RH não vai poder treinar e preparar os seus líderes para subir a um palco. Segundo Neszlinger, “os jovens destacaram que é muito importante que o gestor de RH desenvolva suas próprias competências; estude novos conteúdos e amplie a sua visão da sociedade. Experimentar os seus próprios remédios antes de aplicá-los também foi lembrado por eles.”

No quesito redes sociais, o recado foi de que esse é um movimento que vem da sociedade para as organizações, e, portanto, o RH ou as empresas não têm controle sobre ele. A recomendação é entender que esse movimento ainda não tem regras e legislação própria, mas, que proibir o acesso a elas, não resolve e que a queda da produtividade em função do acesso às redes é um mito. O recado final dos jovens é que “o RH deve trazer a essência e os valores do passado, mas sem preconceito de olhar para o novo.”



PARA A ASCENSÃO DE RH

Sara Behmer representou Cezar Tegon, líder do eixo Profissionais de RH de Nível Intermediário. Ela destacou que, após inúmeras reuniões virtuais e presenciais, o grupo teve uma preocupação em levar palestras e palestrantes que contemplassem a ascensão profissional dos gestores de recursos humanos. “É o RH que vai catalisar tudo de importante que acontece nas organizações e ele precisa estar orgulhoso por ter abraçado essa profissão”, ressaltou.

Uma das conclusões desse eixo é de que o profissional de RH precisa usar a tecnologia a seu favor. “Hoje ele gasta 80% do seu tempo em atividades transacionais ou operacionais e apenas 20% em atividades estratégicas. É preciso inverter esse quadro”, alertou Sara.

Ela também falou de alguns cases que foram apresentados e que mostram como algumas empresas estão trabalhando com a qualidade de vida e a qualidade no trabalho, já que as duas precisam andar em paralelo e não há mais como separar uma da outra. Ele terminou recomendando que o RH exerça sua profissão mais focado e mais engajado, pois assim tanto ele como a empresa só têm a ganhar.



AS RESTRIÇÕES DO SETOR PÚBLICO

Líder do eixo Profissionais de RH na Gestão Pública, Bianor Cavalcanti falou do significativo crescimento de profissionais de RH no setor público e da relevância desse trabalho em termos de desenvolvimento da sociedade nos dias de hoje. “O RH no setor público ganhou significado e inspira o papel de um maduro agente de mudanças, mas que precisa levar em consideração a especificidade de se trabalhar em órgãos ou empresas públicas”, explicou.

Bianor destacou a diferença entre trabalhar na iniciativa privada ou no serviço público quando se fala no marco legal: “Nas empresas privadas se pode fazer tudo desde que não se contrarie a lei, já na gestão de uma empresa pública, só é possível fazer o que está na lei”. Outro percalço é a questão da isonomia, que nas organizações públicas determina que tudo é igual para todo mundo e não trabalha com a questão da mensuração de resultados e de recompensas, como a iniciativa privada.



A VISÃO DOS ALTOS EXECUTIVOS DE RH

César Souza, líder do eixo Vice-Presidentes e Diretores de RH, deixou mensagens curtas, mas impactantes. Para os altos executivos de RH, a área não é suporte ou apoio da presidência, é core da companhia, por isso esses profissionais devem investir sempre e muito na formação de líderes e pessoas.

“Trate o seu CEO como um cliente e saia do seu papel tradicional” e “ajude a construir riquezas para a empresa” são duas outras mensagens que Souza destacou na sua apresentação.  “Nossos presidentes e vice-presidentes também estão preocupados com relações customizadas entre líderes e liderados, principalmente agora, com a entrada no mercado da geração Y, e esperam que os RHs deixem de ser gestores de cargos para se transformarem em gestores de pessoas”, enfatizou Souza.



O GESTOR DE PESSOAS E SUAS DEMANDAS

Por fim, Eugenio Mussak, líder do Eixo Gestores de Pessoas, começou destacando que foram infindáveis as horas que a equipe pensou e conversou por telefone, e-mail ou pessoalmente, os temas que iria trazer nas palestras e nos eventos do CONARH ABRH 2011.

“Na palestra magna, mostramos que a gestão de pessoas é sim um fator crítico para uma carreira de sucesso e que é preciso cada vez discutirmos o engajamento de todos, em vez de ficarmos apenas no comprometimento”, destacou.
Mussak também salientou a quantidade de ruídos na comunicação que encontra nas organizações e disse que não se faz um bom trabalho de gestão se não soubermos usar a comunicação a nosso favor. Mais: enfatizou que as soluções para os problemas precisam ser encontradas em conjunto, principalmente quando RH encontra e tem que liderar times que são críticos e difíceis. Sua mensagem final dada aos congressistas pode representar bem o que foi o espírito das palestras e dos fóruns: RH deve antes de tudo e principalmente ser parceiro dos gestores.